Sentada no balanço de madeira amarrado a um grande carvalho,
a princesa sorria ao sentir a leve brisa contra seus cachinhos. Para ela, o
balanço é o brinquedo mais simples, mas também o mais empolgante. Ele oferecia
algo que os demais brinquedos não ofereciam: paz, harmonia e sonhos. Basta você
fechar os olhos e poderá voar para até onde a sua imaginação te permitir. A
jovem menina, de coração puro e inocente, passou a tarde inteira com um monte
de questionamentos em sua cabecinha.
Ela olhou para o céu, sabendo que o Papai saberia responder
tudo o que ela lhe perguntasse.
— Sinto o seu coração pesado, minha
princesa.
Ela sorriu ao ver seu Pai ao seu lado.
Como sempre, Ele estava ali por ela. Ela abaixou a cabeça, um pouco
envergonhada.
— Papai, posso te fazer uma pergunta?
— Pode me perguntar tudo o que quiser.
Alice levantou seus brilhantes olhos
para o Pai. Todas as suas amigas já tinham lhe feito aquela pergunta, mas ela
nunca soube responder.
— Pai, se Você já sabe que eu vou pecar
e quando vou cair, então por que me esforçar?
O Pai, então, sorriu. Quantos e quantos
de Seus príncipes e de Suas princesas tinham aquela mesma dúvida? Ele gostaria
que todos entendessem.
— Filha, Eu sei de todas as coisas. Eu
sei o que você vai fazer, falar e pensar antes que o faça. Eu te conheço. E Eu
te amo — disse o Pai. — Eu não coloco ninguém no mundo para dizer: “você vai
pro Céu e você pro inferno”. Eu não condeno ninguém dessa maneira. Dou uma
chance justa a cada um para que, quando chegar o Grande Dia, ninguém possa me
dizer que não teve uma chance. Isso seria injustiça.
— Então, se todos tem essa chance, por
que a jogam fora, Papai? E se a chance é justa, por que existe tanta
desigualdade?
— Porque as pessoas jogam em mim a
culpa por algo que elas mesma fizeram. Princesa, quando Eu criei cada vida,
escrevi uma história para ela com coisas que ela nasceu para fazer, porém quem
completa a história é a própria pessoa. Eu nunca escrevi que alguém seria
bandido, que seria um viciado ou que teria a família destruída. Isso são
consequências das escolhas deles mesmos — explicou Deus. — Cada um nasce com um
propósito dentro de si. Todo mundo, sem exceção, nasceu para dar certo e para
ser salvo. O problema é que eles mesmos fazem escolhas que destroem esse plano
e cada uma dessas escolhas ruins leva a uma consequência ruim.
— Então por que o Senhor não nos impede
de fazer escolhas ruins? — perguntou a inocente princesa.
— Isso seria mais injusto ainda,
obrigá-los a seguir o meu caminho. É claro que os meus caminhos são sempre
melhores, mas alguns não entendem isso e escolhem se afastar. Lembre-se sempre
disso, minha filha: o pecado e uma escolha — continuou o
Pai. — Quando os criei lhes dei o livre arbítrio, mas junto com ele vem as
consequências. Eu criei o homem para estar perto de mim e Eu amo tanto a cada
um... Mas muitos estão, por vontade própria, longe de mim. Não há nada que os
impeça de estar comigo e de receber tudo aquilo que tenho para eles, a não ser
eles mesmo. A minha palavras diz: coloco diante de vocês a benção e a maldição.
Escolha, pois, a benção para que vivas. Entendeu, minha princesa?
— Entendi, Papai... E não podemos fazer
nada por essas pessoas que estão longe de Você? — perguntou a jovem princesa,
sentindo muita dó de quem não tinha o Papai como ela tem.
— Claro que pode, filha. Você pode
falar de mim para eles, falar do meu amor, mostrar a verdade para eles e, dessa
forma, trazê-los para perto de mim.
— Vou fazer isso, Papai, eu vou!
— Vá, filha. E mais uma coisa: eu sei
quando você vai errar e quando vai acertar também, mas você não sabe. Por isso
se esforce, e o que poderia ser um erro será um acerto — acrescentou o Pai. A
jovem sorriu, agora determinada. — E, no seu caminho, nunca se esqueça de que Eu
estarei contigo em cada passo que deres.
0 comentários:
Postar um comentário